REAL OU VIRTUAL?

by - sábado, julho 11, 2009






As demonstrações de dor, de luto, continuam por todos os recantos do planeta, mesmo após uma semana de catarse em escala global. E, de repente, o mundo ficou pequeno para tanto sofrimento, pois em fração de segundos, algo que ocorre no Japão é veiculado em toda a Terra.

Michael Jackson, será dor para muitos durante um bom tempo.

Agora é hora para drenar a tristeza e vivenciar o luto psicológico. Permitir-se saber que a fragilidade é para todos e que de nada adianta mostrar-se "uma rocha" quando internamente estamos em pedaços.

Como participante assídua, ou melhor, residente assídua, de um mundo virtual chamado Second Life há três anos, pude verificar, nesses dias, que essas exteriorizações de sentimentos não se limitam ao mundo "real"... ( e vale aqui também conjecturar 'o que é real?', mas isso fica para outro post), pois por lá as pessoas que são chamadas de Avatares, também estão vivenciando essa perda.

Durante toda a semana, desde o anúncio de sua morte, várias ilhas - que são os locais onde os países são montados no Second Life - criaram espaços especiais para realizar suas homenagens ao cantor. Muitos Tributos e Memoriais são encontrados e disputados para visitação, pois no SL (abraviatura do Second Life) as ilhas só comportam 100 pessoas de cada vez.

O Brasil não tem em sua cultura o hábito de deixar presentes e mensagens em locais onde houveram tragédias ou que estejam ligados a alguém que morreu.
Mas, alguns países o fazem, principamente, os Estados Unidos.
E como no SL a vivência de situações é bem mais intensa pela ausência de barreiras geográficas e, consequente, facilidade de aproximação das pessoas, foi possível observar o intercâmbio da solidariedade, da tristeza e da dor!
Ali não havia só avatares em um mundo virtual, mas pessoas com sentimentos vividos de forma universal.

Como tenho uma dessas "ilhas", também prestei uma homenagem, um Tributo, como forma de agradecimento aos bons momentos que vivi ao som de suas músicas.
No centro da ilha de mais de 65.000 m2, construí um deck de madeira no meio do mar com grandes outdoors de fotos do ídolo em várias fases de sua carreira.
Coloquei música de seu repertório tocando 24h por dia e algumas flores, velas e outras lembranças.
Avisei a alguns amigos e em questão de minutos uma 'nuvem' de avatares começou a chegar e a trazer mais flores, velas, ursinhos, óculos, chapéus e uma infinidade de coisas significativas para eles.

E ali permaneciam em silêncio ou rezavam ou sentavam, pois haviam controles de menu para o avatar realizar essas ações.
A emoção era vísivel!!!
O respeito pela dor do outro era sentido.
E uns convidavam os outros para ir fazer o mesmo em outros Tributos...
Assim, sem saberem, iam fazendo sua catarse, pulverizando a dor que era REAL!
Hoje, após tantos dias de sua morte, este Tributo ainda é muito visitado e por lá já passaram mais de quinhentas pessoas, o que é um número enorme em termos de virtualidade.

E com essa experiência nos questionamos: esse sentimento vivenciado no mundo virtual é menor e menos importante que o mesmo vivido na 'realidade'?

Ou ainda: Sentimentos vivenciados nesses ambientes são reais ou meras ilusões dos sentidos? Acho que poderemos responder à essas questões quando o Homem construir um equipamento capaz de medí-los, mas enquanto isso não acontece ficamos com o bom e velho método da observação, que não deixa nossa percepção falhar.


Para aqueles que quiserem experienciar ou apenas visitar este espaço virtual, após baixar o programa que é grátis, basta acessar as seguintes coordenadas:
http://slurl.com/secondlife/nossa cidade/100/199/23


Abraços,
Cristina Santos


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