Cores

by - quinta-feira, novembro 28, 2019






Há alguns dias enquanto estava tomando um suco em uma lanchonete, presenciei uma discussão acirrada entre membros de um grupo de jovens que chamou-me a atenção quando um deles falou:

"Sou negro, graças à Deus!".  E um outro respondeu:
“Sou branco, graças à Deus”.

Então, o primeiro sem prestar atenção que o amigo respondeu nos mesmos moldes do que ele próprio havia falado, retrucou irritado:

“Viu, você é racista!”
E as respostas se sucederam em um tom de agressividade. 

Saí do local com aquela triste imagem na memória, tentando entender o que movia aqueles jovens a definirem-se por uma cor. E pensei:

Se, para eles, a pele é o fator determinante para definí-los, então, quem estabeleceu esse referencial e por que esse órgão específico foi escolhido?

Dentre tantos órgãos existentes em nosso corpo por que não escolheram, por exemplo, a cor rosa do cérebro, o verde escuro da vesícula ou o marrom avermelhado do fígado? 

Na Idade Média as pessoas dividiam-se socialmente como nobres e plebeus. 
Os nobres eram assim catalogados pela cor azul do sangue, que eles acreditavam ter. 
Mas, curiosamente, ninguém nunca viu um rei sangrar dessa cor.

Se necessitamos nos catalogar por cores presentes em nosso organismo, por que não escolhemos a cor das unhas, dos dentes ou da mucosa bucal? 

O correto seria não existir essa formatação, mas se algumas pessoas gostam de serem reconhecidas pela cor de algum orgão, o mais lógico seria escolher a que estivesse presente em muitos deles. 
Como o vermelho escuro que está presente nos pulmões, rins, baço e coração. 
Faz mais sentido do que escolher uma cor presente em apenas um único órgão. 

E continuando, conclui que:

Devemos ser gratos à Deus é pela visão, pela audição, olfato, tato, voz, pela capacidade de pensar, aprender e criar. Por essas ferramentas valiosas devemos agradecer. 
Elas nos ajudam a viver no mundo e a ajudar outros seres. 

A pele é apenas um órgão. 
Não importa se ela é amarela, vermelha, azul, bege, roxa, preta, marrom, lilás ou branca.
E, mais uma vez, refletindo sobre as auto-definições daqueles jovens, conclui:

Eu não sou uma pele. Ela não me define.
O que me define é o meu caráter. 
Eu sou um caráter. Ele me define.



Texto com Direitos Autorais Reservados © Cristina Santos
 

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